Energias limpas: mais da metade dos brasileiros são altamente engajados

Um estudo global divulgado pela consultoria EY revelou que mais da metade dos brasileiros são altamente engajados em temas relacionados às energias renováveis, principalmente, se comparado às outras nações. 

pesquisa – realizada durante três anos em 21 países, com mais de 100 mil moradores – analisou cinco principais perfis de consumidores: campeões, entusiastas, novatos, espectadores e aliados.

Entre os brasileiros, pouco mais da metade se enquadram nos grupos mais interessados em energia limpa: 35% foram classificados como entusiastas e 22% como campeões.

Ambos os perfis são considerados altamente engajados no tema e já fizeram mudanças significativas nos estilos de vida para serem mais sustentáveis.

Ou seja, buscam informações e dão preferências a produtos e serviços que os ajudem a economizar energia.

Por outro lado, aproximadamente um terço da população brasileira é mais resistente à transição energética: são 19% de espectadores, os que mais se opõem às novas energias e às empresas dessa cadeia, e 13% de novatos, que se opõem, mas não tanto quanto os espectadores.

Estes últimos também demonstram não ter interesse ou conhecimento sobre energias renováveis, energia solar e veículos elétricos, por exemplo.

Os aliados, por sua vez, corresponderam a 11% dos entrevistados. Eles têm interesse nas fontes limpas, mas não conseguem ser mais ativos devido à situação financeira ou porque os produtos e serviços atuais não atendem às suas necessidades.

Neste grupo, cerca de 80% disseram que estão fazendo o que podem para serem sustentáveis e acreditam que o fornecedor de energia deve liderar a transição energética.

No contexto global, o estudo da consultoria EY destaca aponta que somente 31% da população mundial encontra-se, atualmente, disposta a investir mais tempo e dinheiro em ações sustentáveis.

O levantamento mostra que, por mais que exista o interesse em novas fontes de energia, produtos e serviços, a maior parte dos entrevistados não pretende investir na transição energética nos próximos três anos em razão do custo para aquisição destas tecnologias.

No Brasil, contudo, o custo para implementação, por exemplo, de sistemas de energia solar não tem aparentado mais ser um grande empecilho por causa das inúmeras linhas de financiamento que existem hoje.

No país, inclusive, o crescimento das instalações de energia solar nas residências tem sido puxado pelos consumidores da classe C, com mais de 45% do total de pedidos de crédito para instalação de kits fotovoltaicos em telhados no primeiro trimestre deste ano.

A pesquisa ainda destaca que, globalmente, há uma crescente desconexão entre os governos e suas áreas de atuação no tema, o que também acaba minando o envolvimento do consumidor.

“A exaustão do consumidor ocorre quando entramos em uma nova fase da transição energética, ao mesmo tempo em que administram-se preços mais elevados da energia, volatilidade geopolítica e preocupações crescem em torno da equidade energética. Governos, empresas e consumidores estão fazendo concessões difíceis para equilibrar as prioridades econômicas, ambientais e de equidade”, aponta a consultoria EY.

Empresas confirmam engajamento dos brasileiros 

Multinacionais que atuam no Brasil e que foram ouvidas pelo Canal Solar confirmaram a informação da consultoria EY, destacando o interesse crescente dos brasileiros pela fonte solar, sobretudo em relação a muitos outros países.

BYD, por exemplo, destacou que está focada em fortalecer o mercado de energias renováveis no Brasil. “Só em 2023, celebramos o marco de 2,3 milhões de módulos produzidos no país”, informou Wallaci Doarte, gerente industrial da companhia.

O executivo explicou que somente em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), a empresa chinesa já desenvolveu 13 modelos de módulos fotovoltaicos especialmente para o Brasil. 

“Para isso, possuímos uma usina própria, que conta com uma estação meteorológica dedicada ao estudo dos mais diversos tipos de módulos fotovoltaicos em solo tropical”, afirmou.

Doarte revelou ainda que, recentemente, a BYD também investiu mais de R$ 6 milhões em um novo laboratório de P&D, em Campinas (SP). “Somos os primeiros da América Latina a estudar todo o ciclo da produção dos módulos fotovoltaicos, desde o beneficiamento do minério de silício.

Já o fabricante de inversores Fox ESS destacou que o Brasil possui um “mix energético” com grande capacidade para a geração de energias renováveis e potencial de captar cada vez mais investimentos para diversas fontes, como solar e eólica.

“Além disso, vemos o crescente interesse dos brasileiros em energias renováveis, refletindo uma maior consciência ambiental, mas também uma demanda por tecnologias mais sustentáveis e eficientes. Este engajamento social é de extrema importância para o avanço das energias renováveis, pois gera pressão positiva para mudanças e investimentos”, destacou a empresa global.

Para a Canadian Solar esse número é muito positivo e é resultado do crescimento expressivo que o mercado de energias renováveis teve no último ano. “Como a principal fabricante e pioneira no mercado temos orgulho em dizer que fizemos parte desse processo desde o início e sempre com a missão de conscientizar a população sobre o uso dessa nova energia”, ressaltou Rafael Normanton, gerente de Marketing da Canadian Solar.

“Internamente mantemos isso como um compromisso e como uma diretriz, seguir mantendo o público brasileiro informado e consciente de que a energia solar e as demais modalidades de energias renováveis são o melhor, ou até o único caminho para um mundo mais verde e mais responsável. Esperamos que esse número continue aumentando e que uma informação como essa seja um ponto de partida para mobilizar outras pessoas e outros setores para apoiar o desenvolvimento saudável desse mercado”, concluiu.